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O Brasil parou em protesto contra a Reforma da Previdência

16 March 2017
Greves, paralisações, ocupações, marchas e manifestações multitudinárias pararam o Brasil nessa quarta-feira, 15 de março, no Dia Nacional de Mobilização Contra a Reforma da Previdência. Há muitos anos o país não via uma mobilização unitária e organizada como a que ocorreu em várias capitais e cidades brasileiras.

Diversas categorias de trabalhadores, do setor público e do privado, cruzaram os braços em vários estados, como motoristas e cobradores de ônibus, metroviários, professores, químicos, bancários, metalúrgicos e servidores públicos de várias áreas.

Apresentada ao Congresso Nacional pelo governo de Michel Temer, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287 prevê que tanto homens quanto mulheres se aposentem apenas aos 65 anos e exige uma contribuição previdenciária de 49 anos para o recebimento integral do salário durante a aposentadoria.

Os protestos levaram às ruas centenas de milhares de pessoas. As palavras de ordem contra a Reforma da Previdência e contra Michel Temer dominaram as manifestações, convocadas pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, além de várias centrais sindicais.

“Nossa luta prioritária são as reformas Trabalhista e da Previdência. Se esta última passar, poderá fazer com que as trabalhadoras e trabalhadores tenham de trabalhar por 49 anos, se aposentar a partir dos 65 anos. Isso é muito ruim, porque há forte precarização e altos índices de desemprego. Então, para o trabalhador conseguir comprovar esse tempo de contribuição à Previdência... ele vai se aposentar somente velhinho. Nesse sentido, vários setores do movimento sindical, dos setores público e privado, estão protestando aqui na avenida Paulista e em várias capitais e cidades do nosso país. As afiladas da ISP estão aqui presentes”, disse Denise Motta Dau, assessora da Internacional de Serviços Públicos (ISP) no Brasil.

O maior ato foi o realizado em São Paulo, onde estima-se que estiveram presentes cerca de 300 mil pessoas às 19 horas. A avenida Paulista, a mais emblemática da cidade, foi ocupada de vermelho nos dois sentidos e por vários quarteirões. Entre os manifestantes, muita gente que não era ligada a movimentos ou sindicatos. Para muitos analistas, um sinal de que a pauta da Reforma da Previdência tem alcançado a população em geral.

Trabalhadores e trabalhadoras municipais organizados no Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias do Município de São Paulo (SINDSEP-SP), também afiliada à ISP, concentraram-se em grande número a alguns quarteirões da manifestação, para onde se dirigiram, como um carro de som, por volta das 16 horas.

Para Igor Taveira Neves, delegado do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (SINDSAÚDE/SP, afiliada à ISP), quem quiser se aposentar têm de se preparar para a luta. “As pessoas estão acordando. É uma pauta que tem potencial para crescer. Nosso sindicato está engajado tanto na campanha salarial quanto na campanha contra a reforma.”

Antônio Aparecido Siqueira, trabalhador sindicalizado ao SINDSAÚDE, partiu, com a esposa e outros companheiros, de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, para participar da manifestação. “Estou prestes a aposentar e a coisa está ficando feia. Temos de nos mobilizar”, disse.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou o ato. Para ele, “está ficando cada vez mais claro que o golpe dado neste país não foi só contra a [ex-presidenta] Dilma [Rousseff] e os partidos de esquerda, mas para colocar um cidadão sem nenhuma legitimidade para acabar com os direitos trabalhistas e com a Previdência Social”. “Em vez de fazer uma reforma para retirar direitos, façam a economia crescer, gerem empregos”, disse.